Hoje eu me peguei sentindo saudades, não uma saudades daquelas que
arrebenta o coração e pula pela garganta, mas uma saudade sutil e meio sem
querer, como quando você estica o pescoço e coloca a cabeça no corredor
principal a fim de ver o que estão dizendo sobre você...
É uma saudade meio estranha e, ao mesmo, tempo confortável... Não um
confortável como quando sentávamos naquele velho banco em frente ao rio e
bebíamos vinho barato ao som de um violão muito bem afinado até de manhã...
Acho que o que estou tentando dizer é que sinto saudades dos antigos
comentários em blogs, de roubar lâmpadas e jogar em um boxe do banheiro do primeiro
andar... Acho que sinto falta mesmo é de vagar pela madrugada, voltando para
casa, cantando a ultima moda, em alto e bom som, a letra errada que insistíamos
em querer estar certa...
Hoje eu me peguei sentindo saudades, não uma saudades daquelas que uma música faz chorar e aperta o peito, mas uma saudades estranha, bem ao tom de
Deja Vu, como quando passo pela calçada que leva ao anfiteatro ou quando
retiro, por praxe, o cartão velho da biblioteca.
Hoje eu já percebo, e aprendi amargamente, que o passado é como uma
borboleta e quando a tocamos demais, suas asas ficam fracas e ela nunca mais
consegue voar... Então, hoje, deixo que o passado voe livre, mas, mesmo
acreditando piamente nisso, ainda me pego triste esticando a mão rumo a
borboleta...